quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Desabafo

Sinto o gosto angustiante da pressão no meu peito, os olhares alheios me acertam como facas, o que será que esperam de mim? Respostas? Salvação? Eu não sei. O que sei, é que carrego o peso opressor dos longos anos passados trancafiados dentro de mim, sinto ter perdido a direção tantas vezes que nem sei mais onde estou, sinto estar envolto em uma fantasia criada pela minha mente, onde meus amigos dedicam suas vidas a contribuir para que esta mentira continue (pobre deles que não sabem estar participando desta farsa).
Meu alento (o amor) escorre por entre meus dedos, talvez seja melhor assim, não saberia conduzi-la com carinho, não alguém que nem consegue achar o caminho para os próprios passos... não alguém cujo medo, dá vida ao impossível... não alguém que sempre desiste, e prefere viver na dor... não alguém...
Ó vil sentimento que consome minha essência e faz com que me sinta tão triste, se for assim devo renunciar a ti, e prosseguir derramando lágrimas de sangue em seu eterno velório.
Vagas são as memórias que tive, sentindo seu toque em meu peito. O fogo de nossos corpos nunca se consumiram, o calor de nossos toques nunca se completaram, o desejo em nossos olhos nunca se encontraram.
E o amor, cruel destino teve, morreu na garganta antes de ser proferido, antes de encontrar morada nos ouvidos de outrem. O que é dele agora, senão motivo de chacota, quem pode explicar o escárnio e a ironia de morte tão prematura.
Os olhos não brilham mais, os lábios se calam. O luto não existe, pois como sentir falta do que nunca se teve, ou se quer tenha existido. Só mesmo um tolo acredita que algo virá com o vento de um novo dia, nem há um novo dia... eles seguem seu curso inalterados um após o outro, como um todo fracionado. E o que posso fazer? Talvez simplesmente abandone minha carcaça aos abutres da solidão, me parece menos doloroso entregar-se ao anonimato do que lutar por um lugar qualquer no coração dos iguais.
A visão opaca e distorcida, daqueles que me olham diz mais sobre quem sou, do que sobre quem quero ser (não que eu saiba quem quero ser).
Mas não há mais fogo em mim, não há mais vontade, condicionei-me apenas em não fazer os outros sofrerem, que já não me importo comigo, esqueci por completo o que é meu e o que é a vontade dos outros. Ando pela escuridão guiado pelas vozes alheias, e a muito tempo não ei qual meu caminho tão pouco o que quero trilhar.
Que me perdoem aqueles que esperam algo de mim, pois nunca sairá algo de onde não há nada.

Um comentário:

  1. Sempre soube que você era dono dessa intimidade com as palavras. E dono desses sentimentos. Ou falta deles. :)

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